Diversos problemas de adaptação fazem com que brasileiros que imigraram para Portugal em busca de uma situação melhor voltem para o Brasil. A vida em um país estrangeiro pode parecer muito mais fácil se vista de longe, mas na verdade é importante ter o planejamento e o psicológico necessários para conseguir viver em um lugar completamente diferente do que se está acostumado.
A realidade no Brasil não o favorece: violência, crise financeira, falta de empregos, há uma série de motivos que faz com que tantas pessoas sintam a necessidade de procurar outras alternativas.
Daniel Toledo, advogado especialista em direito internacional sócio fundador da Toledo e Associados e CEO da Loyalty Miami, explica que ainda assim, muitos dos que escolheram Portugal como um destino amigável decidiram voltar por não conseguirem se adaptar ao estilo de vida levado no país. “As pessoas pensam em se mudar de país em um momento de euforia, através de histórias que ouviram de outros que percorreram o mesmo caminho, ou até por conta de informações transmitidas por quem não conhece muito de mercado. Não enxergar alguns indícios ou frações importantes de um cenário não tão real, pode trazer uma série de consequências, nem sempre boas”, afirma.
O especialista explica que o dinheiro não circula no país como muitos imaginam. “Pela minha experiência, essa movimentação que acontece em Portugal é bem parecida com a que temos no Brasil, ou seja, falta dinheiro no mercado. Por isso, muitos voltam por questões financeiras, como divulgado recentemente em que 73% dos brasileiros que apostaram naquele lugar estão voltando”, alerta Toledo.
Por isso, pensar em ir para Portugal para criar uma certa estabilidade financeira é um tiro errado. Na verdade, em qualquer lugar do mundo. Isso porque alguns países realmente precisam de imigrantes, mas dentro de um determinado perfil.
O especialista separou algumas das razões que fazem com o que brasileiros voltem de Portugal:
Dificuldade de adaptação
Mudar de país sozinho ou com a família requer um psicológico muito forte. Mesmo com o idioma sendo muito similar ao português brasileiro, a comunicação pode ser um grande empecilho durante a adaptação, uma vez que muitas coisas do cotidiano podem ser completamente diferentes.
Além disso, estar um lugar incomum, com uma cultura diferente pode fazer com que os imigrantes se sintam desconfortáveis e de certa forma, tímidos. É uma situação em que muitos brasileiros se encaixam, especialmente no caso de crianças, que podem sentir mais afeição a amigos e parentes do Brasil.
Portugal também possui um clima muito diferente, o inverno rigoroso europeu não é gentil com quem está acostumado ao calor tropical.
Custo de vida
Por mais que os salários sejam pagos em Euros, o custo de vida médio em Portugal pode ser muito mais alto do que se imagina. O salário mínimo do país é um dos mais baixos da Europa (600€) e para se ter um padrão de vida confortável é necessário exceder esse valor em mais do que o dobro, considerando gastos simples como contas de casa, mercado, transporte e saúde. Muitas vezes, onde há oportunidade de trabalho, o valor da locação de um imóvel de dois dormitórios supera a casa dos 600 euros.
Falta de emprego
Muitas vezes as pessoas mudam de país pensando em conseguir uma vida estável ou juntar dinheiro. Nesse caso, ir para Portugal não é uma boa escolha. Além do salário mínimo ser baixo, que torna quase inviável juntar dinheiro, os vínculos empregatícios podem ser casuais, sem contratos ou benefícios que trazem segurança para os trabalhadores. Isso pode se tornar um problema ainda maior.
Falta de planejamento
Ao sair do Brasil é importante ter em mente o que vai ser realizado em um outro país. O ideal é pesquisar com muita atenção os procedimentos para a mudança, realizar o planejamento com antecedência, saber quais são os documentos necessários e ter alguma ideia do que vai fazer em Portugal.
Ter uma formação pode ajudar desde já a construir essa mudança de uma maneira mais fácil, assim pode fazer uma busca e trabalhar na área em que tem experiência. Muitos brasileiros saem do Brasil sem a preparação necessária e acabam vivendo de bicos em outros países, esse é um dos cenários que faz com que eles voltem ao país de origem.
*Daniel Toledo é advogado especializado em direito internacional, consultor de negócios e sócio fundador da Loyalty Miami e da Toledo Advogados Associados. Para mais informações, acesse: http://www.loyalty.miami ou entre em contato por e-mail contato@loyalty.miami. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 62 mil seguidores http://www.youtube.com/