Num momento em que o fechamento de escolas no Brasil não para de crescer — de acordo com um levantamento da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), de 2002 até o primeiro semestre de 2017 30 mil escolas rurais deixaram de funcionar – e em que há uma necessidade de aporte financeiro enorme para que o Brasil cumpra a meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), de destinar pelo menos o equivalente a 10% do PIB à educação até 2024 — o valor segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) seria de pelo menos R$225 bilhões – é necessário encontrar alternativas mais viáveis para manter o ensino público vivo no país.
Uma delas se refere à estrutura de funcionamento dos colégios. Pioneira, a Escola Estadual de Ensino Médio José Luchese de Porto Alegre se antecipou ao que pode ser uma das formas mais usadas de energia futuro e apostou na energia solar.
Há alguns anos, o Rio Grande do Sul investe na ampliação e implantação de micro usinas solares para a produção de energia. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica é o segundo Estado do Brasil que mais gera energia solar. Por isso, em 2016, o governo gaúcho em parceria com a Japan Tobacco International (JTI), indústria localizada em Santa Cruz do Sul, estendeu essa tecnologia ao EEM José Luchese, que se tornou a primeira escola estadual do Rio Grande do Sul a receber energia solar.
O investimento, proveniente do Programa Nossas Comunidades Rurais e Alcançando a Redução do Trabalho Infantil pelo suporte à Educação (ARISE), mantido pela JTI em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a ONG Winrock Internacional (WI), possibilitou a instalação de 25 painéis solares de 315 Watts cada um, com capacidade de geração média de 945 KW por mês, o que representa 80% da necessidade mensal da instituição de ensino.
Com a economia na conta da luz, antes paga pelo Governo do Estado, foi possível contratar uma professora para atender permanentemente os alunos em oficinas de música que acontecem no contraturno escolar, contribuindo para o combate ao trabalho infantil.
A iniciativa recebeu o Selo Solar do Instituto Ideal, uma certificação que reconhece o compromisso da instituição com a sustentabilidade por meio da aposta em uma energia renovável e de baixo impacto para o meio ambiente. Desta forma, a Escola Estadual de Ensino Médio José Luchese é a primeira e única hoje no país a ter este reconhecimento.
Mais projetos de energia solar
Ao que tudo indica a geração de energia a partir de painéis fotovoltaicos está realmente em vias de ser implementada em larga escala. No segundo semestre de 2017, cerca de 40 escolas municipais brasileiras começariam a fazer uso da energia solar com recursos de emendas parlamentares incluídas no Orçamento da União.
Os bons resultados no EEEM José Luchese levaram a JTI a começar, em dezembro, o projeto de energia solar em outras três escolas públicas: Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jovino Fiuza, de Arroio do Tigre, EMEF Geralcino Dornelles, de Sobradinho, e EMEF Luiz Augusto Colombelli, de Ibarama.
“Uma preocupação constante para quem realiza uma ação social é a sua sustentabilidade. Queremos expandir o programa de energia solar no estado”, relata o diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI, Flavio Goulart.
Ele destaca que para investir na sustentabilidade e na autonomia dos produtores na gestão dos avanços obtidos, o Programa tem apostado no envolvimento de parceiros externos que fortaleçam a credibilidade de tudo que vem sendo feito. O projeto Fotovoltaico está neste âmbito: com a economia conquistada, o Estado e Municípios passam a financiar os educadores que ministram as oficinas para as crianças e jovens.
O SELO SOLAR
Consumir eletricidade produzida a partir do sol é uma atitude inovadora, em 2018, tomada por algumas empresas no Brasil. O número de sistemas fotovoltaicos dobrou no último ano, alcançando cerca de 20 mil em todo o Brasil, segundo dados da ANEEL. O custo das tecnologias de conversão de energia solar em elétrica vem reduzindo conforme o aumento da demanda. Para que as empresas que hoje já apostam na energia do futuro possam ser reconhecidas pelos seus consumidores, o Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas para a América Latina (Ideal) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) lançaram o Selo Solar, com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW). Com isso, as instituições esperam também incentivar que novos projetos sejam colocados em prática no país. Desde 2015, o WWF-Brasil também apoia a iniciativa.
O PROGRAMA ARISE
No Brasil, o ARISE começou a ser desenvolvido em fevereiro de 2012. Os esforços se concentraram nos municípios de Arroio do Tigre, Ibarama, Lagoa Bonita do Sul e Sobradinho. As escolas públicas desses municípios se tornaram os pontos de referência do Programa para o envolvimento com as comunidades. Mesmo que as crianças frequentassem a escola, muitas vezes, após o período escolar, acabavam trabalhando nas propriedades. O desafio lançado foi o de, por meio da colaboração, inspirar oportunidades que criassem novas tradições, com impacto sustentável e de longo prazo. Em 2017, por meio da JTI, foi estabelecida a parceria com a Organização Internacional de Empregadores (OIE) para compartilhar a experiência do ARISE na modalidade das melhores práticas com mais de 150 empresas e organizações de membros e empregadores. O Programa também passou a fazer parte do grupo teÌ cnico de trabalho da Iniciativa Internacional. Além disso, escolas que integram o ARISE receberam apoio de organizaçoÌ?es como UNICEF, World Vision e a FundaçaÌ?o para a IrrigaçaÌ?o e o Desenvolvimento SustentaÌ vel. No Brasil, no período de 2012 a 2016, o ARISE assegurou, segundo iniciativas de avaliação externa feitas por instituições como Universidade de Santa Cruz (Unisc) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que:
– 2.233 professores receberam treinamentos;
– 658 mães foram envolvidas nas capacitações;
– 174 jovens tiveram oportunidades de qualificação;
– 22 escolas participaram ativamente do Programa;
– 3.180 crianças matriculadas regularmente na escola e incluídas no Programa;
– 46.117 pessoas participaram dos eventos de conscientização, foram alcançadas pelo programa de rádio e por outras atividades.
A JAPAN TOBACCO INTERNATIONAL
A JTI é membro do Grupo de Empresas Japan Tobacco (JT), uma das líderes internacionais de produtos de tabaco, com sede em Genebra, na Suíça. Nós fabricamos e vendemos algumas das melhores e mais conhecidas marcas de cigarro do mundo, Winston e Camel. Desde que o nosso negócio foi estabelecido, em 1999, temos crescido significantemente por meio do compromisso do nosso internacional e diversificado grupo de 27 mil colaboradores. Nós colocamos qualidade no centro de tudo que fazemos. Nosso portfólio reúne marcas tradicionais com uma rica história, além de novos produtos, desenvolvidos e impulsionados pelo o que há de mais novo em termos de inovação. Neste misto de herança e inovação, todas as nossas marcas dividem o mesmo padrão de qualidade e cada uma tem um papel importante no nosso crescimento.