O consumo de álcool per capita no Brasil chegou a 8,9 litros em 2016 e superou a média internacional, de 6,4 litros por pessoa, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados em maio de 2017. No mesmo ano, 4,5 bilhões de medicamentos foram comercializados no Brasil, segundo o Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Esses dois índices aliados à folia do carnaval podem resultar em graves consequências para a saúde. As dores de cabeça, os enjoos e tonturas da ressaca podem levar à busca de alívio rápido sem se importar com os perigos. A mistura de analgésicos com álcool, por exemplo, pode resultar em sangramentos no estômago e perda da coordenação motora. Já a superdosagem de paracetamol eleva o risco de danos ao fígado.
O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, CRF-SP, alerta sobre a necessidade de buscar orientação farmacêutica antes de consumir qualquer medicamento, mesmo os que não precisam de receita.
O CRF-SP destaca ainda a prática ilegal de algumas farmácias que colocam à venda os chamados “kits ressaca”, normalmente um saquinho contendo vários medicamentos. Essa prática é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e deve ser denunciada. O telefone para denúncias do CRF-SP é 0800 7702273.
Pílula do dia seguinte
No Carnaval, também há tendência de aumento no consumo de pílula do dia seguinte sem orientação. Criada para ser utilizada apenas em casos de emergência, para evitar a gravidez indesejada, a pílula tem sua eficácia diminuída com o passar dos dias e, se ingerida após cinco dias da relação sexual, não faz mais efeito. Além disso, o uso repetitivo aumenta o risco de falha, além de não proteger contra as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs/Aids).
Exemplos de interações entre bebida alcoólica e medicamentos
Álcool + dipirona = o efeito do álcool pode ser potencializado
Álcool + paracetamol = aumentar o risco de hepatite medicamentosa
Álcool + ácido acetilsalicílico = eleva-se o risco de sangramentos no estômago. O acetilsalicílico irrita a mucosa estomacal.
Álcool + antibióticos = A associação de álcool com alguns antibióticos pode levar a efeitos graves do tipo antabuse (uma reação adversa ao medicamento em caso de exposição ao álcool), o acúmulo desta substância tóxica causa vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória e até morte). Por exemplo: Metronidazol; Trimetoprim-sulfametoxazol, Tinidazole, Griseofulvin.
Outros antibióticos como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática.
Álcool + anti-inflamatórios = Aumenta o risco de úlcera gástrica e sangramentos.
Álcool + antidepressivos = Aumenta as reações adversas e o efeito sedativo, além de diminuir a eficácia dos antidepressivos.
Álcool + calmantes (ansiolíticos) = Benzodiazepinas: Aumenta o efeito sedativo, o risco de coma e insuficiência respiratória.
Álcool + inibidores de apetite = O uso concomitante com os supressores de apetite não é recomendado visto que pode aumentar o potencial para ocorrer efeitos sobre o SNC, tais como: tontura, vertigem, fraqueza, síncope e confusão.
Álcool + insulina = Pode gerar hipoglicemia, pois o álcool inibe a disponibilidade de glicose realizada pelo organismo, portanto a alimentação deverá ser bem observada, pois com o álcool, a única disponibilidade de glicose vem das refeições; vale ressaltar que também pode causar efeito antabuse. Uso agudo de etanol prolonga os efeitos enquanto que o uso crônico inibe os antidiabéticos.
Álcool + anticonvulsivantes = Aumenta os efeitos colaterais e o risco de intoxicação enquanto que diminui a eficácia contra as crises de epilepsia.