Na maior parte dos casos o sintoma está relacionado aos problemas do ouvido. Diagnóstico precoce pode evitar o surgimento de problemas crônicos
Mais frequente em idosos, a tontura é um sintoma que preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas, evento mais comum de mortes em pessoas nesta faixa etária.
As causas mais frequentes de tontura incluem doenças relacionadas ao ouvido, em metade dos casos, e doenças neurológicas, em cerca de 40% deles. “Enxaqueca, diabetes, doenças da tireoide, colesterol alto, infecções de ouvido ou do nervo do labirinto, osteoporose, TPM (Tensão Pré Menstrual), climatério, abusos alimentares (café, doces, jejum, álcool, refrigerantes, condimentos e corantes, drogas ilícitas), uso de medicamentos tóxicos ao labirinto (quimioterápicos, diuréticos), trauma, arritmia e doenças do coração, tumores, dor miofascial, AVC (acidente vascular cerebral) são as causas mais frequentes”, aponta.
De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez), a tontura também é mais preocupante a depender dos sintomas associados, como dificuldade na marcha, falta de coordenação e desequilíbrio, dificuldade para falar ou escutar, formigamento, dormência ou paralisia na face (em geral de um lado só), escurecimento da visão ou visão borrada, dor de cabeça súbita acompanhada de náuseas, vômitos e vertigem podem indicar derrame ou acidente vascular cerebral (AVC). “A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independente do motivo, quando mais cedo se procura ajuda maiores as chances de recuperação rápida e menor será a probabilidade de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta.
A médica explica, ainda que, ao contrário do que muitos pacientes imaginam, a tontura nem sempre está relacionada à labirintite. “A labirintite era bem mais frequente no passado, pela elevada incidência e prevalência de infecção de ouvido, cujas toxinas muitas vezes progrediam e acometiam o labirinto. Hoje em dia, com a evolução em pesquisas científicas e o surgimento dos antibióticos de última geração, este quadro clínico é bem menos visto na prática clínica corriqueira. Portanto, o termo mais correto a ser usado na atual realidade é Labirintopatia”, esclarece.
Prevenção
Alguns hábitos do dia a dia podem contribuir para evitar o aparecimento da tontura, tais como: alimentação saudável, não fumar, não beber, fazer atividade física regularmente, evitar privação do sono ou despertares por meio de uma boa higiene do sono (usar roupas confortáveis, ler, ouvir música, etc…antes de dormir, adotar travesseiro e colchão confortáveis), não usar drogas, ingerir bastante água, evitar vícios posturais, não usar medicamentos sem prescrição médica, não fazer jejum prolongado, evitar alimentos industrializados que contém excesso de sal, açúcar, gorduras trans e carboidratos de rápida absorção, fazer check up regularmente.
Perfil Dra. Jeanne Oiticica
Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Responsável pelo Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.