Aos 16 anos, Marina de Barros Collaço descobriu que tinha Diabetes Tipo 1, uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células beta produtoras de insulina. De um dia para o outro a garota saudável que praticava esporte e nunca havia tido nenhum problema sério de saúde passou a sentir muita sede, sono, fadiga e fortes dores de cabeça e nos músculos.
“Somos o 4 país com o maior número de afetados no mundo todo. Ainda existe muito preconceito e muita falta de informação. Enquanto não “vestirmos” a camisa e dizer “Sou Diabético”, muita gente vai morrer sem um diagnóstico correto e o pior, sem ajuda apropriada em um caso de emergência. Conheço gente que tratou da doença com anti-depressivos porque o médico do SUS não pediu um exame de sangue básico. O diabetes não mata, mas as suas complicações sim. Com um bom controle tudo pode ser superado e o mito das amputações pode ser quebrado. ” afirma Marina.
O processo de adaptação a essa nova realidade não foi fácil, Marina teve que começar a tomar 8 injeções de insulina diariamente, medir sua glicose pelo menos 3 vezes ao dia, beber muita água, mudar radicalmente seus hábitos alimentares e ter muita paciência, pois mesmo após todos esse cuidados as crises de hipoglicemia, distúrbio provocado pela baixa concentração de glicose no sangue que causa entre outros sintomas tonturas, taquicardia, náuseas, alterações do nível de consciência e perturbações, voltavam a acontecer. Em 2011 ela decidiu substituir as injeções por uma bomba de infusão contínua de insulina, um equipamento pequeno e portátil que fica ligado ao seu corpo, de forma subcutânea, e quando injetado na sua pela libera insulina de ação rápida 24 horas por dia, que a ajudaria a ter mais controle sobre a glicemia e por consequência diminuiria suas crises de “hipo”.
Hoje, com 30 anos e formada em Marketing, Marina amadureceu como mulher e como diabética, por meio de pesquisas a garota começou a conhecer mais sobre sua doença e encarar os obstáculos sem abrir mão da sua liberdade e da vontade de viver tudo aquilo que quisesse. Em 2013 ela resolveu fazer uma página no facebook com o objetivo de criar uma comunicação de apoio a outros diabéticos e também para dividir sua história com outras pessoas que pudessem estar passando pela mesma situação. Foi então que nasceu a página Diabética Tipo Ruim, que fala de uma forma divertida e sem nenhum pudor sobre os problemas do dia a dia causado pela falta de insulina. Usando sua vida como exemplo em situações diárias, Marina mostra que a vida não é “normal” e nada fácil depois do diabetes, mas que com certeza ela pode ser vivida intensamente entre os intervalos de aplicação de insulina.
“O objetivo é fazer as pessoas entenderem que ser diabético não é só tomar insulina e não comer doce. Eu quero que as pessoas entendam que existe todo um processo cansativo e psicológico nisso! E quero mais ainda, quero que outros diabéticos entendam que não estão sozinhos nessa luta. Precisamos nos unir, juntar forças e sobreviver dia após dia”
Hoje a página acumula mais de 5.300 curtidas, tem um alcance de mais de 18 mil pessoas em cada publicação, e Marina não pensa em parar por ai, ela acaba de lançar uma loja on-line com produtos que vão de camisetas à capinhas de celular, tudo direcionado ao público da página, e já trabalha em um novo projeto de livro sobre sua vida!
“Não existe hoje no Brasil uma loja dedicada a produtos fashion para diabéticos. Vestir uma camiseta ou usar uma capinha de celular não está ligado apenas a moda, mas muitas pessoas não fazem ideia de q seus colegas de trabalho possuem uma doença tão séria e não sabem como ajudar em um caso de emergência. A informação é o grande aliado no tratamento e na disseminação de conteúdo correto para os não diabéticos. A visão das pessoas é que o diabetes só acontece em gente obesa e idosa, e a coisa não é bem assim. ”
Trabalhando na campanha mundial Blue November, Marina dedicará o mês todo a posts relacionados a histórias reais de seus leitores, posts sobre as doenças relacionadas ao diabetes e como preveni-las, e ela até criou um Quiz, uma forma divertida para levar informação a todos, mas tudo isso é surpresa e você terá que acompanhar sua página para poder brincar e aprender mais sobre essa condição que afeta mais de 12 milhões de pessoas só no Brasil.
“Pintar o cabelo de azul não vai efetivamente mudar as coisas. Pelo menos não agora. O novembro azul, assim como o Outubro Rosa serve para alertar as pessoas sobre a existência de doenças que, muitas vezes, a gente não vive em nossa realidade. A falta de informação nos torna ignorante. E é pela ignorância que nos tornamos cada vez mais preconceituosos. E sendo preconceituosos, nos tornamos maus e injustos. E eu quero acabar com isso.”
Página do facebook: https://www.facebook.com/diabeticatiporuim