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Cruzeiro do rock reúne 1.700 passageiros com shows de Sepultura e Angra

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Homens e mulheres tatuados, de roupas pretas, botas, jaquetas e coletes de couro de um lado. Do outro, senhoras elegantes com roupas claras e joias, maquiadas e com cabelos impecáveis. Assim estava a área de check-out no porto de Santos, no litoral de SP, no último domingo (8), quando acontecia o desembarque dos navios Zenith e Preziosa, onde eram realizados, respectivamente, os cruzeiros temáticos “Motorcycle Rock Cruise 5”, com shows das bandas Angra, Sepultura, Kiss My Ass, PHILM e Plebe Rude, entre outras, e “Emoções em Alto-Mar”, do cantor Roberto Carlos.

Enquanto as fãs do Rei retornavam do mar com lembranças românticas, como a do momento em que o cantor joga rosas para a plateia ao final do show, os motociclistas e roqueiros do outro cruzeiro vinham de cinco dias e quatro noites de muito barulho e já esperançosos para repetir a dose no verão de 2016.

O cruzeiro temático reuniu 1.700 passageiros, na maioria de meia idade e integrantes de moto clubes de vários Estados do país, acompanhados da família, que pagaram, em janeiro, de R$ 1.500 mil a R$ 3.000, com todas as refeições e bebidas inclusas. O Zenith, originalmente decorado no estilo tradicional cafona, estava tomado por bandeiras das bandas e caveiras, o que lhe dava a cara de um barulhento navio pirata.

A tripulação, um total de quase 700 funcionários de diferentes nacionalidades, divertia-se com os inusitados passageiros. Houve até um chef de cozinha filipino que tocou a música “Symphony of Destruction”, do Megadeth, no palco principal, com sua própria guitarra e acompanhado por integrantes das bandas headliners.

Mar em fúria

O mar estava revolto quando ocorreu o primeiro show da turnê “Sepultura XXX”, que marca os 30 anos da banda brasileira de metal mais bem-sucedida no cenário internacional.  O quarteto, em quase duas horas de uma apresentação furiosa, marcada pelos vocais poderosos de Derrick Green e pela bateria do caçula da banda, Eloy Casagrande, foi um dos headliners do “Motorcycle Rock Cruise”. No meio do ano, a banda se apresentará em São Paulo (no Audio SP, em 20 e 21 de junho) e no Rio de Janeiro (Circo Voador, ainda sem data).

Os shows principais –Sepultura, Angra, Plebe Rude e a argentina Kiss My Ass (tributo ao Kiss)–  aconteceram em um palco montado na área da piscina, numa maratona de som pesado que começava logo após o café da manhã e só terminava de madrugada, às 4h, numa das boates do navio. Ao longo do dia, o passageiro que circulasse pela embarcação poderia variar de um show de bandas covers profissionais –de Rolling Stones, Black Sabbath, Queen, Pink Floyd, Lynyrd Skynyrd, AC/DC, Van Halen, Rush, Scorpions, entre outros– a “pocket shows” acústicos de country music, canções dos Beatles, hard rock e até jazz. Vez ou outra, músicos das bandas principais davam “canjas” em apresentações dos colegas, o que gerou encontros inusitados, como o do punk rocker Clemente (guitarrista da Plebe Rude e vocalista dos Inocentes) com Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura).

Ainda, num toque de requinte metaleiro, o americano Dave Lombardo, ex-baterista do Slayer, apresentou-se também com sua atual banda, PHILM, em versões elétrica e acústica.

A família Kisser mostrou ao mundo roqueiro a banda do herdeiro de Andreas, Johan Kisser, 17 anos. Ele é vocalista e guitarrista do power trio de covers Lusco Fusco, que reúne mais dois garotos com a mesma idade: Vinícius Cousso (baixo e vocais) e Guilherme Tófano (bateria).

Angra à la Pavarotti

O Angra fechou a última noite no palco principal do cruzeiro com um show vigoroso, mostrando seu heavy metal melódico e mesclando músicas do novo álbum, “Secret Garden”, com os sucessos de sua trajetória de mais de 20 anos. A apresentação trouxe o vocalista italiano Fabio Lione totalmente à vontade no palco, com o repertório da banda e com a plateia brasileira –ele chega até a atacar de “tenor”, numa brincadeira à la Luciano Pavarotti. O show inclui a versão que a banda gravou para “Syncronicity II” do Police – inserida apenas na edição europeia do novo álbum (nas edições para Brasil e Japão, o hit ficou de fora por questões de direitos autorais).

O Zenith encerra neste ano sua temporada de cruzeiros por estes lados. O navio volta em abril para a Europa e não retornará para o próximo verão. Assim, todo o circo que envolve o “Motorcycle Rock Cruise” (roqueiros, músicos, liga e federações de motociclistas e operadora de turismo) terá de encontrar outro “barquinho”,  como carinhosamente o navio era chamado pelos passageiros, se quiser uma nova maratona de rock marítimo em 2016.

fonte: UOL