Soa muito carne de vaca dizer que o ano no Brasil só começa na quarta-feira de cinzas, já que todo o itinerário entre janeiro e final ou meados de fevereiro gira em torno do carnaval. Crucificar tal festejo também perdeu a graça após Rachel Sheherazade dar seu parecer. Mas pelo que presenciei esse ano, foi uma semana digna para descanso e nada para o esquindô-lelê de temporadas anteriores. Eis os motivos:
1 – Idade: lá se vão 28 anos de vida sendo 13 de avenida. Conforme as folhas do calendário levantam vôo para longe outras prioridades chegam cada vez mais perto. E as opções de diversão também se adapta.
2 – Repertório Musical: Não sou carnavalesco xiita a ponto de defender só marchinhas, mas percebe-se que nos últimos anos a decadência se acentuou nos shows, comandados por bandas ou Djs. Funks, Tchu-tchá e o recente Lepo lepo. E se Neymar comemorar um gol com versos da MPB?
3 – Juventude etílica: O consumo alcoólico, fora outros entorpecentes, faz com que a chamada juventude extravase praticamente sem limites. Na lei os bares deveriam proibir? Viva o jeitinho brasileiro, com a benção dos pais, vista-grossa dos vendedores e documentos falsos.
4 – O macho alfa-ômega: Nem vou entrar no critério dos senhores ‘descamisados com óleo de cozinha e óculos escuros’ (alguém me esclareça se isso realmente é sedutor?). Pior mesmo são os brigões, sempre dispostos a achar uma boa confusão, certamente enervados pelo item 3.
5 – Truculência dos seguranças: Sim, eles estão lá para nos proteger dos motivos 3 e 4. Entretanto não é difícil um ou outro abusar do seu status de autoridade. A maioria dessa corja segue o método ‘bate primeiro, depois pergunta’.
6 – As reclamações financeiras pós-festa: ‘Vou entrar no cheque especial esse mês’, ‘Meu cartão de crédito ta no vermelho’, ‘Meu saldo tá negativo no banco’. Bom, ninguém é obrigado a curtir o carnaval, tampouco gastar horrores com ele. Muito menos os ouvidos muro das lamentações.
7 – Certas incoerências políticas: Descemos a lenha na presidente, no governador, nos deputados, nos mensaleiros, no prefeito, nos vereadores…pra depois fingir que está tudo bem e ‘bora pular até o amanhecer’? O tal dos coxinhas são um porre mesmo.
8 – A bundalização e libertinagem dos freqüentadores: O tal de esfrega – mais uma vez causado pelo item 3 – deixou a fronteira da vulgaridade para trás. Aproveitar o carnaval para incentivar o uso de preservativo me parece o provérbio ‘Se não tem como vencê-los, junte-se a eles’.
A pausa é muito bem-vinda para suportar a jornada de 40 dias corridos até a semana santa. O parecer tem o intuito de alertar como é possível uma celebração sem maiores incômodos, desde os que pensam(?) na bebida como única causa até os falastrões incomodados com o mundo.
[author] [author_image timthumb=’on’]http://www.guairanews.com/wp-content/uploads/2012/04/gabrielogata.jpg[/author_image] [author_info]Gabriel Carlos Ogata Nogueira é graduado em História pela Unimep (2008), pós-graduado em História do Brasil e da América no Cenário Geopolítico Contemporâneo pela Unifran (2011) e formando em Geografia pela Unifran (2012). Professor nas escolas Centro Educacional Ana Lelis Santana e Escola de Educação Básica e Educação Profissional Irum Curumim. Autor do Blog http://autoparapessoas.