A fórmula do envelhecimento tardio pode estar na natação, acreditam especialistas. As braçadas frequentes na piscina podem ajudar a capacidade circulatória e cardiorrespiratória, desenvolver os músculos, dar mais flexibilidade e resistência, melhorar o raciocínio e até recuperar movimentos, o equilíbrio e a coordenação motora. Além disso, o exercício ajuda a controlar os níveis de açúcar e colesterol no sangue.
Para comentar e aprofundar o assunto, esteve no estúdio do Bem Estar, da Rede Globo de Televisão o geriatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Wilson Jacob Filho.
O atleta aposentado Ilo Fonseca, de 80 anos, começou a nadar aos 9 e virou profissional. Atualmente, é recordista sul-americano de 50 metros livres em sua faixa etária. Com fôlego de menino, fez do esporte um estilo de vida. Treina regularmente por 45 minutos, período em que enfrenta a resistência da água – quase 800 vezes maior que a do ar.
Com a natação, o pulmão libera oxigênio ao sangue e ao coração e melhora a condição das células. Assim, os sinais da idade demoram mais a aparecer. A diferença na saúde e no condicionamento para quem percorre de 3 a 5 quilômetros por semana pode chegar a 20 anos.
Um estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, feita pelo pesquisador Joel Stager com nadadores acima de 25 anos, mostra que eles perdem menos massa muscular com o passar do tempo, têm artérias mais saudáveis, reflexos mais rápidos e melhor memória que a média das pessoas da mesma idade.
A velocidade de transmissão de estímulos nervosos de um nadador de 80 anos, por exemplo, é equivalente à de um indivíduo 30 anos mais jovem. Além disso, a pressão arterial e os batimentos cardíacos ficam mais estáveis.
Todo bom resultado, porém, depende de algumas regras, como a regularidade e a intensidade do exercício. Para muitos, a natação melhora a qualidade de vida, os resultados dos exames de sangue e a capacidade de andar e subir escadas.
Segundo o geriatra Wilson Jacob Filho, os idosos só devem ter alguns cuidados: começar de forma leve, até o corpo de habituar; verificar se a temperatura da água está próxima da corporal (os mais velhos estão mais sujeitos ao choque térmico e a alterações de umidade e sensibilidade); e cuidar ao entrar e sair da piscina, para não escorregar no piso molhado e se machucar.
Jacob Filho destacou também que as atividades físicas estimulam os ossos a se renovar, combatendo perdas e consequentes fraturas. Na avaliação do especialista, o idoso só deve ser poupado se houver alguma recomendação médica.
Além da terceira idade, a natação atrai os jovens que mergulham, literalmente, no mundo das competições e sonham com as Olimpíadas. Para eles, a modalidade proporciona trabalho em grupo e convivência interpessoal.
O Ministério da Saúde recomenda
De acordo com o Ministério da Saúde, qualquer atividade física fortalece os músculos e a qualidade dos ossos e melhora a frequência dos batimentos cardíacos e a circulação sanguínea. Também evita, controla ou diminui doenças cardiovasculares, ansiedade e depressão, obesidade, diabetes, osteoporose e até alguns tipos de câncer.
Apenas 9,9% das brasileiras jovens (entre 18 e 24 anos) e 10,8% das idosas (65 ou mais) praticam exercícios suficientes no tempo livre, de acordo com dados do ministério. Entre os homens, a frequência é máxima entre os 18 e os 24 anos (27,6%), cai para 13% entre os 45 e 54 anos e aumenta nas faixas seguintes, alcançando 18,1% entre os idosos.
O governo considera atividade física suficiente a prática de pelo menos 30 minutos diários de intensidade leve ou moderada em cinco dias ou mais por semana, ou a prática de pelo menos 20 minutos diários de atividade de intensidade vigorosa em três dias ou mais da semana.
Caminhada, caminhada em esteira, musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais, ciclismo e vôlei são classificados como modalidades de intensidade leve ou moderada. Corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica, futebol, basquete e tênis são considerados práticas de intensidade vigorosa.
A porcentagem de adultos que mantêm uma atividade física no tempo livre no país varia de 10,3% em São Paulo a 21,2% em Vitória, informa o ministério.
fonte: GLOBO.COM