As cartas foram lançadas, as chapas acertadas e os candidatos, com seus números, definidos. Vi todos os nomes na lista das opções para vereadores no jornal O Guaíra de domingo (8/7) e a opinião é de forma generalizada, mesmo porque não conheço a grande maioria dos políticos. Mas não seria prudente ou viável uma análise um tanto criteriosa a respeito do representante público antes mesmo de validar seu registro? Uma espécie de exame de OAB mais leve e básico?
Como Guaíra é pequena, é comum ter a referência do voto mais por meio do nome do que pela proposta. Tarefa árdua alguém convencer o eleitor com o que realmente interessa, que se entedia fácil e procura entender pouco, coisa da nossa herança cultural desleixada dos portugueses com pitadas romanas: as massas gostam mesmo de brinde, de festa, do espetáculo, e não dos folhetins com mudanças, leis e ações que visam, pelo menos, a ordem e o bem-estar de todos os cidadãos.
Têm dois elementos que prendem a atenção do povo em temporada de palanque: o messianismo, em grande parte barato, quando fala do que a cidade precisa (ter ou melhorar), e atacar o adversário, exaltando o lado maquiavélico que habita uma porcentagem de todas as almas. A regra diz que estão contra-atacando as inverdades nesse momento, impossível saber quem começou.
Nada melhor do que uma promessa ponderada e financeiramente fazível e desmascarar o oponente com documentos e classe. E é nesse instante que o candidato bem-preparado e honestamente rodeado deveria vir à tona, capaz de responder qualquer indagação tranquilo, sem suar nem gaguejar ou apelar para ‘Esse pergunta eu não respondo’ ou ‘Eu não sabia de nada’. Até hoje coisa de mundo utópico não é mesmo?
Antes que metralhem, a intenção não é segregar, elitizar ou discriminar os concorrentes à câmara dos vereadores e à prefeitura, e sim evitar que tiriricas venham profanar absurdos em seus slogans, e ainda serem eleitos por conta disso. Não é preciso ter diploma de curso superior para o cargo (vide os últimos governantes eleitos pelo Brasil), mas é essencial que os candidatos estejam a par do que ocorre, sejam fatores positivos ou negativos, dentro do perímetro urbano quiçá do país e, sim, que tenha o entendimento do que está lendo, ou seja, interpretar acima do ler e escrever.
Não esqueço de uma história do Chico Bento, na qual a eleição em Vila Abobrinha foi disputada por um coronel prepotente, um plantador de goiabas (popular porém marionete nas mãos de correligionário) e um homem simples, articulado e com noções de política, ainda que sem patrocínio. Lógico que esse último ganhou, pena que era fictício. Lá também a população foi esclarecida na hora do voto, fato que poderia muito bem ser permanente por aqui, no mundo real.
[author] [author_image timthumb=’on’]http://www.guairanews.com/wp-content/uploads/2012/04/gabrielogata.jpg[/author_image] [author_info]Gabriel Carlos Ogata Nogueira é graduado em História pela Unimep (2008), pós-graduado em História do Brasil e da América no Cenário Geopolítico Contemporâneo pela Unifran (2011) e formando em Geografia pela Unifran (2012). Professor nas escolas Centro Educacional Ana Lelis Santana e Escola de Educação Básica e Educação Profissional Irum Curumim. http://autoparapessoas.