No dia 19 de abril é comemorado o Dia do Índio. Essa data foi instituída por Getúlio Vargas por força do Decreto nº 5540 de 1943. Após certa relutância brasileira em aderir ao Congresso Indigenista Interamericano do México em 1940, o então Marechal Cândido Rondon interveio e a partir de 1943, o Brasil passou a comemorar sua adesão com o chamado Dia do Índio.
Na verdade, os índios brasileiros não têm muito o que comemorar nesta data.
Desde o descobrimento, ou melhor, invasão deste continente pelos povos ibéricos e saxões, a população nativa sofre com a discriminação, com a evangelização forçada, com os assassinatos e a proliferação de doenças disseminadas pelos povos brancos ditos “civilizados”.
Várias tribos brasileiras foram extintas e somente as que se ajoelharam aos pés dos colonizadores foram poupadas. As tribos guerreiras que se opuseram à dominação branca foram dizimadas pela pólvora, pelas espadas e pelos cavalos dos portugueses e espanhóis.
Aqui na Região de Guaíra, viveram os Caiapós Meridionais, nativos pertencentes ao grupo etnológico Gê, os quais foram expulsos pelos brancos que aqui chegaram.
O historiador Marcelo Borba Freitas, em sua obra Águas que Correm pelos Sertões do Caiapó, apresenta estudos realizados por cientistas que pesquisaram o grupo Caiapó, os quais relatam que uma aldeia indígena existiu em Guaíra, nas proximidades do Rio Sapucaí e também em Nuporanga, até o ano de 1909.
Na mesma obra, existe a transcrição de uma portaria de 1736, expedida pela capitania Paulista na qual o capitão relata que os roçeiros e passantes reclamavam da hostilidade dos verdadeiros donos da terra, o Povo Caiapó.
Esses índios que viveram em nossa região, eram os chamados Caiapós Meridionais, e foram completamente extintos, não restando nenhum membro desse grupo.
Outro grupo, os Caiapós Setentrionais, estão estabelecidos e encontram-se acuados entre o Tocantis e o centro-sul do Pará.
Com a dizimação desse povo nativo, deixamos de aprender valores que fazem uma sociedade mais justa e civilizada.
Na sociedade Caiapó não havia propriedade privada, sendo que apenas os instrumentos de trabalho eram de posse individual. A divisão do trabalho era feita por sexo e por idade. As mulheres ajudavam os homens, inclusive nas guerras.
Os Caiapós não abandonavam seus velhos e nem maltratavam suas crianças. Todos viviam bem e fugiam dos inimigos, tanto é que os mesmos eram oriundos do litoral, de onde foram expulsos pelos inimigos Tupis.
Hoje nossa memória se esvaiu. Poucos vestígios da existência desse povo nativo que habitou essa região foram conservados.
Isso é somente um exemplo do que ocorreu em nossa região, e um alerta para que, caso não haja ação imediata para que seja colocada em prática uma política indigenista bem feita, a tendência é que os Estados brasileiros nos quais estão concentradas as maiores aldeias, tais como Amazonas, Pará e Mato Grosso, terminem por sofrer do mesmo mal.
por Rodrigo Soares Borghetti